Falta de apuração resulta em barrigada

A falta de apuração do fato é uma das maiores causadoras das famosas barrigadas do jornalismo.

“Barrigada” é um jargão jornalístico que significa erro, informação errada.

A coluna Tempo Presente – assinada por Levi Vasconcelos –  do A Tarde protagonizou recentemente uma “barrigada” com a publicação de uma nota que envolvia o secretário de cultura Márcio Meirelles.

Para quem não viu a nota do A Tarde, segue a reprodução:

Namoro pára o trânsito

Uma cena inusitada chamou a atenção de quem passava anteontem, por volta das 2 horas da tarde, pelas imediações do Palácio da Aclamação, na Av. Sete, Centro de Salvador. O secretário Márcio Meirelles (Cultura), de paletó e gravata, acariciava candidamente o rosto de uma bela morena, estilo tropical, bem próximo ao portão de entrada do Jardim do Passeio Público. Tudo bem. O que não dá para entender é parar o trânsito para isso. E num carro oficial.

E agora, como fica? Bem… O jornal ainda não se pronunciou, mas sabe-se que Meirelles já encaminhou uma carta em resposta à direção do jornal.
Isso se chama “Direito de resposta”.

Seguem alguns trechos da carta* :

“Os poderes trazem responsabilidade. E o poder de um jornal é o de construir uma sociedade mais justa através da informação, da difusão de opiniões, do questionamento, da cobrança, da reflexão. Não acredito que a nota “Namoro pára o trânsito”, publicada no último sábado (2/08), na coluna Tempo Presente, seja veículo de nada disso.

Imagino que quem a escreveu deve ter se divertido com o fato. Mas a nota constrangeu uma família, desrespeitou uma mulher, difamou um homem sério. Esses valores têm sido negligenciados e banalizados nestes tempos que correm. Tempos em que nos queixamos da violência sem percebermos que violência é exatamente a destruição de valores.

Alguém que tem o privilégio de escrever em um jornal deve ser minimamente informado.  Logo, devo deduzir que a referida nota tinha a intenção de atacar um homem público, casado, sugerindo que um carro oficial estava sendo usado para encontros amorosos. Acontece que a “bela morena, estilo tropical”, a qual o colunista se refere, de forma preconceituosa, é minha mulher, com quem sou casado há doze anos, e a quem convidei para um almoço com os responsáveis por um momento importantíssimo e feliz, a implantação das Câmaras Temáticas para reabilitação do Centro Antigo.

Quis partilhar esse momento com minha companheira, a coreógrafa Cristina Castro, que também é uma artista e personalidade pública. Despedia-me, depois do almoço, antes de entrar no carro para ir trabalhar, às duas horas da tarde, em frente ao Passeio Público, no local onde carros e táxis costumam parar para que pessoas entrem ou saiam daquele jardim, por uma fração de tempo mínima, necessária para que eu me despedisse, tocando o rosto de Cristina, e saísse rumo ao meu trabalho.

Qual o propósito da nota apressada e difamatória? Informar à população que o secretário de Cultura usa o carro oficial indevidamente? Seria importante, se fosse verdade. Mas como informação apressada, desqualifica o informante, desacredita a imprensa. E o que gerou? O constrangimento da minha família e amigos. O desrespeito a uma artista, ao colocá-la no anonimato de adjetivos com nuances de preconceito machista, e a uma mulher, por promover sua exposição como esposa traída por ela mesma. Além da difamação de alguém que tem princípios, como os senhores sabem, por me conhecerem há muito tempo – e é justamente por esse motivo que os escolhi como destinatários desta carta. E porque acredito que os meios de comunicação não podem deixar de ser um serviço de utilidade pública, um instrumento de construção, para se tornar um veículo de ataques pessoais.”

Agora, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

* Para acessar o arquivo com a carta completa clique aqui.

4 comentários (+add yours?)

  1. Dani
    Ago 14, 2008 @ 22:22:56

    Essa notícia para mim é novidade…

    E é claro, que um caso como esse devemos acompanhar,sim, os próximos capítulos.

    Mai fica responsável por nos fornecer essas informações…

    Responder

  2. Joao Braulio de Santana Jr
    Ago 17, 2008 @ 03:47:35

    Sensacionalismo!
    Essa é uma palavra que anda de mãos dadas com “barrigada”, comportamento típico da imprensa nacional. O Governo do Estado é como uma casa com telhado de vidro e alguns órgãos de imprensa gostam de se comportar como garoto travesso, atirando pedras no telhado alheio. Contudo, acho valido esse tipo de atenção que a imprensa demonstra para com os dirigentes públicos, mesmo com as “barrigadas”, não deixa de ser um controle social, no mínimo isso fará com que esses dirigentes revejam suas posturas, evidente que cabe devida retratação do jornal.

    Responder

  3. Deda
    Ago 25, 2008 @ 22:56:23

    Mai, por favor muda o link do meu blog aqui.
    http://www.hazmusic.blogspot.com

    Responder

  4. Helder
    Ago 25, 2008 @ 23:00:11

    Gostei muito desta postagem!
    Parabéns!
    Não sabia dessa “bomba”.
    Só aguardando os próximos capítulos pra ver o desfeixo dessa história.

    Responder

Deixe um comentário